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15/07/2021 - Doenças

O conhecimento que transforma: o que significa a doença?

Por: Dr Fernando de Freitas


E aí você sabe o que são as fases da doença?

A doença tem cinco fases, você quer ver como é que ela funciona?

Se você tem algum parente, se você tem algum conhecido ainda na doença, de repente você pode descobrir em que fase está. Sabendo as fases, você sabe o que essa pessoa, ou que eu, você mesmo doente, precisamos passar para chegar até a última fase.

Irei simplificar com o exemplo do um parente, que teve um problema de câncer, câncer de reto. De uma hora para outra, a vida dele estava toda estabilizada, tudo na mais perfeita ordem, tudo em paz, tudo tranquilo, isso é verdade?

Não, mais não estava tudo bem? Não, não estava, tanto é que a doença aparece, então veja, ele estava aparentemente em um lugar ótimo, mas dentro dele, cheio de conflitos, por que? Porque aquela situação que ele vivia, parecia ser muito boa, mas com certeza já tinha conflitos, aquilo não estava satisfatório para ele, mas como é que ele vai falar que não está? Então, “fica aqui nesse mundo”, parece que tá tudo bem, parece né, “mundo da ilusão”.

Você conhece as pessoas por dentro?

Você mesmo expressa tudo o que você sente? E o medo que a gente tem de falar as coisas, ser julgado, mal entendido, assim por diante. Sabe quando você entra naquela rotina, que aquilo começa a incomodar sua essência?

Sabe que aquilo não está legal, mas a sua cabeça diz: “não, não, eu vou me convencer que está tudo bem”. Fazendo o joguinho de Poliana, fazendo o joguinho que você quiser, “não, tá tudo bem, tudo bem...”. Está nada!

A sua essência sabe que não está, aliás quando eu falo “você”, quando eu me expresso, quando você vai se expressar, nascemos falando “eu”, a questão que raio de “eu” nós estamos falando? É o “eu” da minha essência, ou é o “eu” da minha cabeça? Se esses dois “eu” não estiverem integrados, você tem uma desconexão, e quando desconecta, a minha essência tem contato com a realidade, ela tá sempre me falando. A questão é, que a minha cabeça cria um mundo que eu gostaria de ter, que eu acho que tem que ser. A minha cabeça de repente se desconecta da realidade, a essência está sempre na realidade, a mente pode escapar, e quando estou vivenciando algo complicado, a minha essência está sempre falando, e vai falando, falando, mas a minha cabeça não ouve: “não, tá tudo bem, tá tudo ok”.

Bom, com meu parente aparentemente estava tudo bem, vivendo de frente para o mar, depois de aposentado, tudo em ordem, de repente aparece o que? Um câncer de reto, de uma hora para outra as coisas começam a complicar, aí vem o sangramento, que vem saindo lá de dentro, a energia vital que está indo embora, e então ele sai do mundo da ilusão. Quando vem a doença, causa um reboliço na vida da família, dos amigos, na sua própria vida, porque agora algo novo aconteceu, completamente diferente, a vida muda, tem que mudar. “Onde eu vou me tratar? O que que vai acontecer? Vou morrer? Vou viver? E os parentes, o que fazem com tudo isso?"

Aí eu vou rezar, eu vou chorar, eu vou me desesperar. Pronto, não criou um ambiente, onde a doença agora vai revelar uma série de situações: onde eu estou, quem sou eu, para onde estou indo?

A doença me faz olhar para a minha realidade, a doença faz com que tudo que aparentemente estava “Ok” ilusão, desapareça, mas que realidade? Aquela que eu não quero ver, mas eu preciso ver.

Essa segunda fase que vem da doença, é aquele caos, tira do controle, tira da zona de conforto e aí o que acontece? Bom, vou continuar a história do meu parente, que começou a procurar que recurso tem para fazer isso?

Nessa segunda fase, onde vem a doença, o indivíduo pensa: “eu quero sair da doença, e quero voltar para onde eu estava”. Isso frequentemente acontece “EU quero escapar”, aí vem o e escapar dessa história, para quê? “Para voltar onde eu estava, para voltar como eu era antes...”, isso é um horror! Porque a doença diz que o que você estava fazendo antes não prestava, e a tendência é voltar a ser o que era. Quando você vê o doente, normalmente falam assim: “eu só quero melhorar logo, para voltar a ser o que eu era”.

A doença sempre diz: “Você não pode voltar a ser o que você é, você tem que mudar!” Isso é uma imposição da doença, e o mudar, é mudar mesmo.

Meu parente fez duas cirurgias, o processo dele estava em uma fase bem inicial, como se fala na medicina “o protocolo “ mostrava que só a cirurgia era o suficiente, ótimo! E aí pronto “escapei da doença”. Não precisa fazer mais nada, ótimo que beleza, então vamos voltar, “escapei da doença”.

 Não houve mudança interna, foi como se nada tivesse acontecido, frequentemente isso acontece: “ah eu vou escapar, e volto ser o que era”. Sabe o que acontece? É o escape, mas não é a cura, seis meses depois o que aconteceu?

Aprofunda a doença, é a doença vai aprofundar, vai ser um nível maior, de uma recidiva, aí vem o aprofundamento do problema. Os médicos voltam, começa toda história novamente, drama familiar, “não, todo mundo já resolveu”. Resolveu...resolveu passar uma borracha, “seleciona reset ai está novo”, só que na nossa vida, a doença não funciona assim. Aprofundou, e aí o que acontece? Bom, aí a coisa tem que ser muito mais séria, radioterapia, quimioterapia, novas cirurgias. Tem que entrar em contato profundo com o problema, por isso que aprofunda, é profundo o nível que você tem que entrar em contato consigo mesmo, o risco de morte fica maior, a dor, angústia, sofrimento, para ele, para as pessoas que estão ao redor.

Mas como é que ajudamos pessoas nessa fase? Quando há um escape, geralmente também tem uma esperança que tudo vai resolver. Não resolve, porque precisaria ter mudanças internas profundas da vida dele, tem que mudar a forma de olhar para a vida, e é isso que é a doença, quando aprofunda.

Você precisa deixar morrer uma série de elementos, que você chama aquilo de vida, que é saudável, mas que não é. Precisa ter um contato completamente diferente com a vida, minha forma de viver muda, minha forma de olhar a vida muda. Quando a morte chega por perto, não tem jeito, você precisa deixar morrer algo: “tudo aquilo que eu era antes, eu terei que deixar muitas coisas para trás, aquilo que era doentio”. A doença só aparece quando estou em uma vida doentia, eu tenho que sair do mundo da ilusão, e ver o que é a realidade.

Depois de três anos do início do processo, meu parente sai diferente, no olhar dele deu para ver que tinha algo diferente, e precisa ter, é uma experiência de vida profunda.

A última fase que é o “L” da libertação, onde eu me liberto da jaula da ilusão, que é deixar morrer aquilo que está me matando. Veja “deixar morrer aquilo que está me matando” isso é me libertar, e isso é um processo: eu comigo mesmo, com a vida, eu amar a vida, me amar e dar uma forma melhor a vida. Se esse processo acontecer dentro de mim, associado com os cuidados que vem de fora, cuidados que a equipe médica tem no corpo e os cuidados que eu tenho dentro de mim, quando esses dois se entregam a psique e o soma, trabalha no corpo e na alma, aí tem possibilidade da libertação. Desenvolva uma vida mais próxima da essência, e que essa mente que acredita em um monte de bobagens e cria uma jaula da ilusão, seja colocada para fora, que essa mente agora seja mais conectado com o próprio self, porque se isso não acontecer, vai começar tudo outra vez, isso acontece comigo isso acontece com meu parente, isso também acontece com você, e as pessoas que você ama.

O que significa doença?

Se você quer conhecer, se você quer também se libertar, quanto mais sabedoria você tiver, quanto mais você entender os passos da doença, você consegue mudar o seu referencial antes de adoecer, isso chama sabedoria de vida.

Se criar ilusão, pelo menos se liberte logo. Se ainda acreditar na ilusão, você vai seguir os passos acima, para a doença te levar até a libertação. Se você conseguir identificar ilusão e se libertar o quanto antes, você não precisa passar por todas essas fases, talvez a doença nem precise existir, mas é fácil? Não, nossa cabeça mente, por isso chama mente, ela mente demais, o pior é que nós acreditamos.

Espero que você aprenda isso, espero que você ajude as pessoas que você ama a entender isso: precisa mudar profundamente, a morte precisa existir, a morte da mente, do ego, para que a sua essência viva.

 “A doença é nossa grande mestra, ela sempre vai ensinar algo.”

Nós temos a tendência de joga-la para fora, e é exatamente ao contrário, nós temos que compreendê-la, e permitir que ela traga as mudanças necessárias.


Grande abraço!

Fernando Freitas