20/08/2020 - Doenças
Por: Dr Fernando de Freitas
Sou médico, trabalho com psicossomática e começo esse artigo, fazendo uma grande reverência a doença, ela veio e impôs uma séria mudança em minha vida, toda doença impõe sérias mudanças em nossa vida. Hoje, olho para a minha vida e tenho que fazer o que eu sempre falo em minhas aulas quando falo sobre psicossomática, a doença te coloca em um comitê, uma reunião, onde de um lado fica vida, do outro fica a morte e à minha frente fica a doença, e aí eu preciso resolver o que eu preciso deixar morrer. A doença me impõe, quanto mais grave a doença, maior a necessidade de mudança, isso é doença.
A doença fala pela intensidade, muitas vezes ela vai dando um alerta, mais leve ou mais tranquila (você ouviu?) – não!.
A doença falará mais alto, até chegar uma hora que ela tira você do controle, e quando você estiver ali na UTI cercado de aparelhos com várias pessoas doentes, você a ouvirá.
Quando estamos vivendo, nós estamos entre a vida e a morte, começamos lá e terminaremos na morte, a questão é, o que nós fazemos no meio desse caminho.
Para que serve a vida e pra que serve a doença? Será que eu estava vivendo uma vida adequada a mim? Será que eu estava fazendo boas escolhas? Eu estava selecionando elementos que seriam essenciais a minha vida ou estava me desviando de mim mesmo?.
Dentro da psicossomática, a gente tem uma compreensão da doença que serve para nos acordar para a realidade da vida. Quando a minha cabeça se enche de ilusão, se enche de teorias que não tem nada a ver com o mundo real, a doença aparece para alertar.
Como ela apareceu para mim, ela pode aparecer para qualquer um, e talvez você passe por isso também, e aí vem a questão, vale a pena essa vida? Eu vivo a minha vida? Eu fiz a minha vida valer a pena?.
A doença é um filme estranho, só que nesse filme o doente é o personagem principal. E agora? E amanhã? Estarei aqui ou não estarei? O que faz sentido? E se eu continuar a vida, o que é que vai valer a pena ou não?
Esses são questionamentos que todo doente nesse período vai passar. "Vou comprar algo pra mim, (pra quê?) não sei se estarei aqui amanhã". É interessante observar o que acontece ao nosso redor, as relações emocionais de nossa família ou amigos, quando estamos doentes desse jeito.
Afinal pra quê serve a doença?
em cima disso você tem que olhar pra sua situação de vida e ver ciclos que precisam ser encerrados, dizer CHEGA!
Novos ciclos que eu preciso colocar energia de vida e se eu não souber obedecer a isso, a seguir a minha missão da minha opção de vida, a doença simplesmente encerra, porque eu escolho viver ou morrer, eu escolho de que forma vou viver, e a doença faz eu ficar cada vez mais consciente do significado da vida.
Na psicossomática, nós trabalhamos exatamente com isso, é o doente e não a doença em si.
Dr. Fernando Freitas